Trabalhar em equipe é, no mínimo, uma arte. Cada ser humano é um verdadeiro universo. Saber lidar com as dualidades, perfeccionismos e idiossincrasias do outro nem sempre é tão simples quanto parece. Um líder sensato sabe que não tem o poder de mudar as pessoas, e isso não é necessário quando ele reconhece e aprecia essas diferenças por se concentrar naquilo que pode fazer: unir talentos distintos para formar um time que funciona como se fosse uma máquina de alcançar metas.

É claro que um time é algo muito mais complexo que uma máquina. Como já dito, a individualidade torna a coordenação de uma equipe algo, no mínimo, digno de ser chamado de arte. Porém, levando em consideração a analogia citada, na “máquina” chamada time, o líder é a “peça” principal. Logo, ele é o que mais trabalha e o que responde pelo sucesso ou fracasso de todos. Ele deve ser perseverante, perspicaz e saber montar sua equipe. Muita pressão está sob ele, e se de fato for um bom líder, muito trabalho também. Ele deve criar sincronia, resistir ao desgaste que o tempo impõe e sempre “consertar” cada brecha existente entre os membros. Desafiando a matemática, através da sinergia, um bom gestor mostra que 1+1 pode ser mais que 2.

Como se pode ver, muita responsabilidade está nos ombros daquele que se encontra à frente de uma equipe. E para que a equipe de fato tenha sucesso, o líder não pode esperar menos de sua equipe do que aquilo que ele mesmo pode dar. Um erro comum na liderança é absorver todo o trabalho e sempre manter os subordinados na zona de conforto, não exigindo deles o melhor que podem dar. Esse erro passa despercebido porque o líder pode suportar essa carga por muito tempo. Ele acaba se habituando a isso e acha que pode “segurar todo o peso” sozinho. Mas em um belo dia a força acaba, isso porque a medida que as metas são alcançadas outras mais desafiadoras surgem e os subordinados, que não estão bem treinados, não tem mais a capacidade de agir como time. É nesse dia que se percebe o erro, e infelizmente pode ser tarde demais para reparar os danos provocados pela “atrofia mental”.

Para não cair nesse erro comum, o de exigir menos que o time é capaz de render, o bom líder deve se perguntar: “Eu consigo fazer isso? Se eu consigo, por que ele não consegue?”. Fugir desse questionamento é tolerar a falha futura. Não se deve aceitar a incapacidade que não tem motivos legítimos. Se um membro da equipe não é capaz de executar um serviço que pode ser feito pelo seu líder, mesmo após treino, aconselhamento e ajuda, ele não é mais habilitado para permanecer no time. Exigir demais é prejudicial, mas exigir menos é igualmente danoso. A arte da liderança impõe encontrar o meio termo de ouro. A chave para chegar a esse meio termo está em algo entre o amor ao que faz e a verdadeira autoridade sobre o sucesso.

O famoso General Patton é um exemplo a ser seguido nesse aspecto. Seu ímpeto o fazia ser tanto amado quanto odiado pelo seus liderados. Patton foi um dos generais com resultados mais expressivos durante a segunda guerra mundial. Diz-se que uma vez ao ver o campo de batalha ele mencionou: “Deus me perdoe, mas eu amo isso!”. Note aqui a primeira característica do líder que sabe exigir do seu time exatamente aquilo que ele pode dar: o amor ao que faz. Por amar e entender que seu trabalho é extenso e importante o bom líder aprende a contagiar sua equipe. Os resultados são uma consequência disso.

Patton era teimoso. Por vezes fingiu que havia falhas na comunicação para seguir com os planos originais de batalha, que por vezes eram diferentes daquilo que agora seus superiores almejavam. Ele não aceitava que um homem estivesse cansado em meio ao campo de batalha e diferente de todos os outros generais não assistia a guerra atrás do seu exército – ele andava na frente da tropa! Ele sabia que iria vencer, por isso não tinha medo de estar na frente do seu exército. Isso é a verdadeira autoridade sobre o sucesso: uma condição conquistada através do bom plano, da boa postura frente aos problemas e da confiança no time.

Patton não foi um bom exemplo de equilíbrio ao exigir de seus liderados. Talvez ele exigisse demais. Talvez por isso ele era odiado por alguns de seus subordinados. Ele falhou por exigir demais, mas não devemos pensar que exigir de menos seja um erro menor. Em alguns momentos Patton exagerou, mas na maior parte do tempo não foi assim – os resultados atestaram isso. Os homens desse general fizeram o que muitos consideravam impossível e atingiram metas difíceis com prazos apertados.

Um bom líder sabe quanto exigir do seu time. Sabe ser exato nessa medida, nem exigindo menos nem mais. Seu amor pelo que faz e a verdadeira autoridade sobre o sucesso o tornam alguém admirável com capacidade de atingir resultados maiores que o razoável, pois essas são as chaves para encontrar o comedimento do quanto exigir.

Enildo Bezerra

Consultor